Antônio de Alcântara Machado

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Edifício São Vito

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IMAGENS

Manifestação durante a Revolta da Vacina

Manifestação durante a Revolta da Vacina

Charge crítica à vacinação obrigatória

Charge crítica à vacinação obrigatória

Charge retratando a revolta da vacina

Charge retratando a revolta da vacina

Cortiço - Rio de Janeiro 1906.Visc. do Rio Branco. Glória

Cortiço - Rio de Janeiro 1906.Visc. do Rio Branco. Glória

João do Rio

João do Rio

Aluísio Azevedo

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Benjamin, Simmel, Bordieu, Barthes e a moda na Sociologia Contemporânea

Os estudos sobre a moda não visam apenas à reflexão estética, o belo. A questão que subjaz à moda reflete a capacidade transformadora, expressa pela via estética, de demonstração de que o novo contradiz o velho. O estudo da moda é também o estudo do comportamento humano e social, da história. Benjamin usa a moda como alegoria do mundo moderno, assim como o farão outros célebres intérpretes da Sociologia Contemporânea. Aí vão algunas indicações primárias sobre o estudo da moda na Sociologia.

Benjamin, Walter. Moda. In Benjamin, Walter. Passagens. Editora UFMG/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Belo Horizonte/São Paulo, pp. 101-121, [1982]2007.

Simmel, Georg. Filosofia da Moda e outros escritos. Edições Texto & Grafia: São Paulo.

BOURDIEU, Pierre. Condição de classe e posição de classe, A economia das trocas simbólicas. Perspectiva: São Paulo, pp. 3-25, 1974.

Bordieu, Pierre. As regras da arte. Cia das Letras: São Paulo, 1996.

BARTHES, Roland. Sistema da moda. EDUSP: São Paulo,1979.

Eric Hobsbawn - A Era do Capital (1848-1875)

A trilogia de Hobsbawn constitui um dos marcos do pensamento marxista europeu e se tornou fundamntal em qualquer estante de Ciências Sociais. A trilogia se inicia com o antológico "A era das revoluções", circunscrevendo o período inicial de transformações que definirá a superação definitiva do antigo regime monárquico absolutista, da economia feudal e do modelo de estratificação social estamental. O texto tem início com a Revolução Francesa e termina com a eclosão da chamada Primavera dos Povos, de 1848. O segundo livro da trilogia é "A era do capital", que tem início com a derrocada do movimento socialista internacionalista originado em 1848 que, para o autor, foi a primeira e única Revolução socialista na história da humanidade. Seu caráter internacional e popular a distingue dos demais movimentos chamados de revolucionários de caráter socialista que se fizeram em um só país e coordenados por elites intelectuais e partidárias dos países periféricos. A primavera dos Povos, foi a primeira e última Revolução socialista de perfil internacionalista que ocorreu nos países centrais capitalistas. A derrota dos socialistas, entretanto, levou a uma regressão significativa do movimento revolucionário e, como consequência, inaugurou a absoluta hegemonia burguesa, terminando o período de transição inaugurado com as revoluções do século XVIII. À era do capital seguiria a "Era dos Impérios", marcando o fim da pax britânica no século XIX e do capitalismo concorrencial, dando ensejo ao surgimento do capital monopolista e dos impérios, em face do início de um período de conflitos internacionais entre as grandes potências europeias incitado pela entrada de duas novas nações na disputa pelos mercados e colônias, a Alemanha e a Itália unificadas. Os conflitos regionais, inaugurados com a guerra franco-prussina, com a guerra da Tunísia e do Marrocos, se expande até o conflito aparentemente derradeiro iniciado em 1914, a I Guerra Mundial. Escrito muitos anos depois de lançada a trilogia antológica, Hobsbawn publicou ainda um quarto livro, "A era dos extremos", focalizando a bipolaridade do século XX inaugurada em função das decorrências hegemônicas dos pós-guerras. Este livro poderia, sem prejuízo, ser colocado ao lado dos demais, como se compusesse o mesmo projeto de definição dos marcos históricos, políticos, sociais e econômicos da Europa desde o século XVIII.
Em "A era do capital" há um capítulo que compõe, juntamente com seu livro "trabalhadores", um panorama ilustrativo da vida nos bairros operários e nas cidades industriais européias em face das consequências da Revolução Industrial: "A cidade, a indústria, a classe trabalhadora", e ainda o capítulo seguinte, que compõe uma unidade, "O mundo burguês". Esses capítulos do texto de Hobsbawn podem ajudar na contextualização histórica dos temas tratados por Benjamin e Engels sobre as cidades industriais e sobre a vida dos trabalhadores e da burguesia no século XIX.
Aí vai a referência completa:

Hobsbawn, Eric. A era do capital(1848-1975). Paz e Terra: São Paulo, 13ª ed.,[1977]2007.

Marshal Berman - Tudo que é sólido desmancha no ar

Texto clássico sobre a modernidade e o marxismo, Berman dedica uma parte e vários capítulos de seu "Tudo que é Sólido desmancha no ar" a analisar a Sociologia Urbana presente nos textos de Baudelaire. Por isso mesmo é uma excelente obra de apoio à leitura do próprio Baudelaire e também do Walter Benjamin. A parte traz o tema inscrito em seu título "Baudelaire: o modernismo nas ruas", indicando o percurso teórico assumido pelo autor. É também bastante interessante para os estudos urbanos a quarta parte do mesmo livro, intitulada "Petersburgo: o modernismo do subdesenvolvimento". Berman coloca em campos antagônicos o modelo urbano assumido pela Paris burguesa e aquele assumido pela periferia do capitalismo. É importante para a reflexão sobre os limites do desenvolvimento impostos pela posição periférica e dependente, por isso mesmo é relevante para os estudos urbanos no Brasil. Neste sentido, se aproxima da clássica tese de Lenin sobre a formação do capitalismo na Rússia, tão explicativa e exemplar para a reflexão sobre os processos de mudança vivenciados na transição do Brasil agrário para o urbano e industrial.
Aí vai a referência completa:
Berman, Marshal. Baudelaire: o modernismo nas ruas. In Barman, Marshal. Tudo que é sólido desmancha no ar. Cia. das Letras: São Paulo, coleção Cia. de Bolso, parte 3, caps 1-5, pp.158-204, [1982]2007.

Berman, Marshal. Petersburgo: o modernismo do subdesenvolvimento. In Barman, Marshal. Tudo que é sólido desmancha no ar. Cia. das Letras: São Paulo, coleção Cia. de Bolso, parte 4, caps 1-3, pp.204-336, [1982]2007.

O livro todo está disponível para download na seção Textos deste Blog.

George Orwell - O caminho para Wigan Pier

O texto de Orwell "O caminho para Wigan Pier" é constituído de duas partes relativamente distintas. A primeira é uma excelente etnografia de observação participante que relata o dia-a-dia dos trabalhadores nas minas de carvão do norte da Inglaterra em 1934. O texto lembra muito o "Germinal" de Zola, o panorama, embora cerca de um século depois, é praticamente o mesmo, o que corrobora as teses dos socialistas científicos, demonstrando que o progresso não leva à superação definitiva das contradições originais expressas no processo de produção sob o modo de produção capitalista. A obra é belíssima, possui um grande apelo político e ideológico, demonstrando que os trabalhadores continuavam submissos e alienados, mesmo em face das profundas transformações ocorridas desde o século XIX. O texto é lembrado por José Paulo Neto no prefácio à obra de Engels - A situação da classe trabalhadora na Inglaterra, edição da Boitempo - como exemplar da vida dos trabalhadores descrita pelo intelectual revolucionário alemão. É ilustrativo e promove e estimula a reflexão crítica. Vale a Pena.
Já a segunda parte do texto é uma crítica sarcástica e divertida aos intelectuais revolucionários de classe média. Lembra, embora respeitadas as características literárias do texto de Orwell, os argumentos do velho Lenin no antológico "Esquerdismo, doença infantil do comunismo". Vale a pena ler, embora trate mais de questões filosófico conceituais sobre o socialismo que propriamente da questão etnográfica urbana, como na primeira parte do ensaio.
Aí vai a referência completa:
Orwell, George. O caminho para Wigan Pier. Cia. das Letras: São Paulo, [1937]2010.

Roger-Henri Guerrand - Espaços Privados

O texto de Roger-Henri Guerrand é um excelente estudo sobre a vida privada e os espaços de convívio doméstico na França do século XIX. É um texto excelente para contextualizar os novos padrões burgueses de vida que surgem na segunda metade do século XIX. O artigo está na coleção "História da Vida Privada", publicada por Georges Duby e Philippe Ariès, volume 4. O título do artigo é "Espaços Privados". Junto com o texto sobre as formas de morar de Michelle Perrot, compõe um brilhante panorama histórico a partir do qual se estrutura a nova sociedade burguesa que surge a partir, especialmente, da chamada Era do Capital.
Segue a referência completa:
Guerrand, Roger-Henri. Espaços privados. In Duby, Georges & Ariès, Philippe. História da vida privada. Cia. das Letras: São Paulo, coleção Companhia de Bolso, vol. 4, parte 3, pp. 302-387, [1987]2009.

Michelle Perrot - Maneiras de morar

Um clássico do pensamento social francês, a coleção em cinco volumes "História da vida privada", organizada por Georges Duby e Philippe Ariés, apresenta um magnífico retrato da evolução das formas e estilos de vida privada no transcorrer do tempo, desde a antiguidade até o século XX. Sugiro, como leitura complementar aos textos de Walter Benjamin, dois artigos constantes da coletânea inscrita no volume 4 - Da Revolução Francesa à Primeira Guerra - da coleção. O primeiro artigo sugerido tem como título "Maneiras de Morar", de Michele Perrot, que, diga-se de passagem, escreve a maioria dos textos do volume. Perrot tem um texto brilhante, agradável e fluido. O artigo citado, ao lado de outros que compõem o volume, se tornou um clássico dos estudos sobre a modernidade em Paris. Por isso mesmo descreve muito bem um panorama da França do XIX ao lado de "Paris, capital do século XIX" e "A Paris do II Império em Baudelaire", trechos iniciais da obra das Passagens de Benjamin. Leiam, é interessante e agradabilíssimo. Aí vai a referência completa:
Perrot, Michelle. Maneiras de morar. In Ariés, Philippe & Duby, Georges (org.).História da vida privada: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. Cia. das Letras: São Paulo, vol. 4, parte 3, pp. 284-302, [1987]2009.

Contradições urbanas

Contradições urbanas
Paraisópolis X Morumbi

Paraisópolis

Honoré Daumier

Honoré Daumier
A Insurrreição